Alex é um pré-adolescente que cresceu rodeado de histórias fantásticas e sempre sonhou em ser "O Escolhido", um herói que viveria uma jornada cheia de aventuras mágicas e salvaria o mundo. Porém, o destino parece gostar de ironias. Após perder tudo o que considera mais importante em sua vida e perceber que é vítima de magia das trevas, descobre que a única feiticeira que pode tentar lhe ajudar é Soline, uma pirralha desengonçada e inexperiente. Se não conseguirem quebrar a maldição até a próxima lua nova, ela se tornará irreversível.
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1. não tem “o escolhido” 📜 ❌
“Nunca entendi por que os heróis dos livros têm essa frescura de recusar o chamado. Se alguém batesse na minha porta e me dissesse que sou o escolhido de qualquer coisa, imediatamente faria as malas. Se por acaso descobrissem que sou a pessoa errada, já seria tarde. Por que a recusa de ser especial? Quem, em sã consciência, não quer ser especial?”
Durante a história, eu brinco de subverter alguns clichês e estereótipos, e esse é o principal. Eles não escolheram a forma como nasceriam, mas escolhem aquilo pelo que vale a pena lutar, sem que ninguém precise mandar. Não são vistos como “magníficos” ou “superiores”; muito pelo contrário...
2. brasileiro de verdade 💚💛💙
Muitas vezes, autores brasileiros de fantasia se sentem condicionados a escrever histórias que se passam no exterior, por pura insegurança ou comodismo. Reconheço que nosso país tem diversos problemas políticos, mas eu amo ser brasileira! Estes são alguns exemplos de coisas que eu fiz questão de mostrar no livro:
• Somos o país mais multicultural, multirracial e miscigenado do mundo.
• Todo mundo é chamado pelo primeiro nome (aqui é “professora Judite”, não “senhorita Palmer”).
• Chamamos de “tia” familiares de colegas que acabamos de conhecer.
• Nossa culinária: pão de queijo, brigadeiro, bolo de fubá...
• Nossas estações são ao contrário, e o clima tropical é o melhor de todos.
• Muitas das músicas citadas são brasileiras.
• Consumimos, sim, muita coisa da gringa. Não é problema algum, mas acabamos ficando com síndrome de vira-lata.
3. garotas fortes realistas 💪♀️
Ser uma garota forte não é ser indestrutível, sem defeitos ou sem personalidade. A “donzela em perigo” é alguém que sempre se esforçou para fazer o seu melhor, sempre passou por cima dos próprios sentimentos em nome de suas obrigações, nunca demonstrou fraqueza, nunca pediu ajuda para nada, e é justamente por isso que se tornou um alvo fácil de obsessores. A heroína é mirradinha, desengonçada, cheia de traumas, temperamental, tem o ego frágil, e o que a torna forte é sua vontade de superar e vencer os obstáculos.
4. protagonista queer 🗡️🌺
Apesar de ainda bem imaturo, Alex sempre buscou cultivar virtudes de um cavaleiro arturiano, como coragem, honra, lealdade e compaixão, guiando-se por seu lema: “o que um herói faria?”. Por outro lado, também é extremamente sensível e sonhador, emo demais da conta, gosta de fadas e unicórnios, entende de arte e de flores. Masculinidade nem sempre é sinônimo de “toxicidade”, delicadeza nem sempre é sinônimo de “fraqueza”, e ambos muitas vezes coexistem, sem se anular, em uma mesma pessoa.
5. releitura mitológica 🦋
A obra é inspirada no mito "O Rapto de Perséfone", com foco em sua essência simbólica e iniciática, não na trama literal.
6. atmosfera agridoce 🌗
Sendo uma releitura do mito de Perséfone, a obra apresenta a dualidade da existência: simplicidade e complexidade, a doçura e o amargor da vida. Por ser também uma história sobre a pré-adolescência, retrata o difícil período de transição da infância para o amadurecimento.
7. público alvo abrangente 🧑👴
Por mais que o público principal seja de adolescentes, não foi escrito de qualquer jeito só porque é "infantil". A base foi planejada de forma acessível, e os temas abordam questões existenciais que atingem a todos nós, independentemente da idade. Sim, aos olhos mais atentos, há camadas mais profundas de detalhes que só alguns conseguirão identificar. Também há um clima nostálgico para quem foi adolescente por volta de 2010.
8. cautela com romance 😍⚠️
Assim como um sommelier não chamaria álcool puro com suco de uva em pó de “vinho”, eu também não chamo qualquer porcaria de “romântico”. Temas como relacionamento abusivo, possessividade e codependência emocional podem sim ser retratados em histórias, mas nunca de forma idealizada ou normalizada. Outro problema comum é quando autores focam tanto nas cenas dramáticas do casalzinho que se esquecem de todo o resto. Os personagens tem só entre 12 e 13 anos, e esse fato é respeitado. Eu amo um drama, mas minha prioridade sempre será desenvolver a trama principal e os arcos individuais dos personagens, além de explorar outros tipos de relações humanas importantes, como família e amigos.
9. cautela com depressão 🖤⚠️
Falar sobre depressão, ideação suicida e luto é desconfortável, mas necessário. O grande problema é que muitos que tentam retratar esses temas fazem isso de forma romantizada ou irresponsável, gerando mais influência negativa do que positiva. Sendo alguém que faz tratamento psiquiátrico há anos, que já passou por muitos altos e baixos e que hoje finalmente conseguiu conquistar certa estabilidade, faço sim questão de retratar a luta contra a depressão na minha história, pois estamos vivendo uma verdadeira epidemia entre os jovens, e isso não pode ser ignorado. Tomei certo cuidado para não retratar certas coisas de forma muito explícita, buscando sentimentos que gerem identificação, mas mantendo sempre o foco na esperança.
10. fantasia dark ☠️🕯️✨
Diferente da "fantasia tradicional" (mais comum para o público infantojuvenil), que corre o risco de cair em maniqueísmos e clichês, a "fantasia sombria" foge um pouco do previsível. Aborda temas com maior complexidade moral e emocional e trata o leitor como alguém capaz de encarar o escuro. A fase da pré-adolescência foi escolhida justamente por ser a época em que percebemos que o mundo não é tão encantado e que as coisas não são tão simples quanto pareciam.
11. conscientização sobre álcool 🍺👀
(Tópico para pais e educadores)
Nos meus tempos de escola, nos faziam ler livrinhos bem medíocres sobre combate ao uso de drogas, em uma linguagem péssima pra adolescentes. Eram tão ruins que depois da aula, a galera enchia a cara pra esquecer. Eu já fui jovem, já fiz muita coisa, e por isso sei que a melhor forma de conscientizar sobre drogas é retratando situações parecidas com o que a gente vive, sem querer empurrar lições moralistas goela abaixo. A pré-adolescência é a fase em que muitas crianças experimentam álcool pela primeira vez, e mais do que dizer um simples “não bebam”, aqui estão algumas lições implícitas situacionais sobre redução de danos:
• Se você não quer beber, não seja gado de beber só por pressão social. Às vezes, aquele amigo nem vale tudo isso.
• Misturar bebida é coisa de quem não sabe beber! (energético + álcool, destilados + fermentados, destilados entre si, etc). Na história, isso é satirizado em um "superdrink", mas quantas vezes não misturamos tudo aos poucos? Fazer isso sobrecarrega o fígado, o estômago, e pode até levar ao coma alcoólico ou à morte, e convenhamos, seria uma forma bem patética de morrer. De preferência, não beba, mas se for beber, não misture.
• Se uma garota está muito bêbada, garanta que ela vai chegar em segurança até a porta da casa dela. No geral, protejam garotas em festas. Não sejam negligentes ou coniventes. Não sejam covardes.
• Morrer engasgado com o próprio vômito é uma das causas mais comuns de morte associada ao consumo excessivo de álcool, principalmente entre jovens. Nunca deixe alguém inconsciente deitado de barriga pra cima.
• Distribuir bebidas para menores de idade é crime, e se alguém quiser processar, pode gerar um B.O. danado.
• Se você tem sensibilidade espiritual e bebe ao ponto de ficar embriagado, você vai atrair obsessores, sim ou sim.
• Beber não te torna adulto. Você vai continuar sendo criança, só que bêbada.
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FICHA TÉCNICA
Temas: antimaniqueísmo, crescimento, luto, empatia, esperança
Gênero literário: romance
Subgêneros: infantojuvenil, fantasia sombria, fantasia contemporânea
Classificação: 12 +
Tempo: 2010, de março à julho
Local: Campo das Rosas, cidade (fictícia) do interior de São Paulo, RA de São José dos Campos
Alerta de Gatilho: abuso de álcool, bullying, depressão, estresse pós-traumático, ideação suicida, tortura psicológica e violência doméstica.
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